Camacho em 2003: «Os sete melhores da Europa estão em Portugal»

José António Camacho, antigo treinador do Benfica e Real Madrid, confessou ser admirador do futebol praticado por Cristiano Ronaldo desde há muito tempo. O técnico, agora no Osasuna, próximo adversário do Real na Liga espanhola, concedeu uma entrevista ao «El País», onde abordou os problemas do clube «merengue», com especial enfoque para a pressão exercida sobre o futebol do extremo português.

Camacho lembrou que assistiu ao despertar de Ronaldo, ainda no Sporting. «Um dos primeiros jogos que dirigi no Benfica foi contra o Sporting. Tinha o Simão, o Tiago, o Miguel e uns jogadores com «categoria de cojones». Pela frente tinha o Ronaldo e o Quaresma. O Ronaldo tinha 17 anos. Começa o jogo e...«Me cago en la mar!». Digo ao Pepe [Carcelén, o adjunto]: «Estás a ver o mesmo que eu? Isto é incrível», contou o técnico.

Não perdeu tempo. A sua relação com o Real Madrid é conhecida e Camacho telefonou, de imediato, a Jorge Valdano, numa conversa que conta na primeira pessoa: «Olha, os sete melhores jogadores da Europa estão aqui. É preciso vir cá comprá-los a todos. Jorge [Valdano] anda e por dois milhões de pesetas [cerca de 12 milhões de euros] ficas com os melhores do mundo, com uma margem de progressão abismal. Vi dois no Sporting! Juegan futebol que te cagas!»

Aparentemente, os conselhos de Camacho não foram tidos em conta, pois o destino de Ronaldo foi Manchester, com o sucesso que se conhece. «O Manchester United foi a Lisboa jogar um amigável e o Ferguson disse: «Este rapaz já não sai do balneário. Vamos contratá-lo» E compraram. Agora chega a Madrid e se não faz o que lhe pedem já não vale nada. Ainda tem mais sete anos pela frente!», lembrou.

Camacho entende que é preciso dar tempo ao tempo: «Em Manchester fez-se um grande jogador começando a jogar pouco e indo aumentando o rendimento. Ele agora está no máximo e exigem-lhe que seja excepcional. O Ronaldo é muito rápido, finta para os dois lados, joga bem de cabeça...tem todos os complementos. O problema é que aqui ele sente que tem de jogar bem à força toda.»